sexta-feira, 1 de agosto de 2008

I ATO



O Auto do Realejo Encantado

ATO I

"O Auto do Realejo” Encantado é um espetáculo em três atos que conta os percalços de Alice, uma jovem órfã que mora com seu Avô, e Teotônio, ex-malabarista amargurado que vaga pelo mundo roubando a sorte das pessoas com seu Realejo Encantado.

Neste primeiro ato, nasce um amor insuspeito entre os dois no instante em que se conhece em uma praça e o realejeiro tenta "tirar" a sorte da menina.

Pela intervenção do Pássaro que vive dentro do Realejo Encantado, o bilhete da fortuna de Alice se rasga no exato momento em que sua sorte seria roubada, ficando uma metade do bilhete para cada um. Cria-se assim um vínculo entre Teotônio e a garota, enlaçando o destino e a sorte de ambos.

O encontro dos dois tem um fim súbito quando o Avô chama Alice de volta para sua casa e Teotônio desaparece nas ruas da cidade.

“Daí em diante, cada um parte em uma jornada que irá transformar a vida de ambos, buscando o incerto reencontro.”

http://www.myspace.com/oencantarealejo
O AUTO DO REALEJO ENCANTADO
I ATO
Praça com personagens da estória em atividades corriqueiras.
Ao fundo, pelas janelas, O Avô desenha.TEOTÔNIO toca seu realejo.Seus olhos procuram uma pessoa cheia de sorte para ele tirar, mas sua mente divaga por memórias de um tempo muito mais feliz.Teotônio fora um artista de circo, que vivia para alegrar as pessoas.Um dia porém, as risadas deram lugar a gritos de socorro; o fogo veio, destruiu o circo e o pouco que o pobre palhaço possuía.Amargurado, Teotônio decidiu então tomar de volta toda a alegria que havia dado aos outros, e para isso capturou uma ave encantada capaz de roubar a sorte dos outros e a aprisionou dentro de um realejo.Desde então, ele vaga pelo mundo tirando a sorte de quem lhe der duas moedas em troca de um bilhete da fortuna.Assim Teotônio viajou muito, até que um dia chegou a uma praça e viu uma menina muito especial. Pensando em roubar sua sorte, o realejeiro envia seu pássaro até ela. ALICE dormia na relva quando o PASSARIN a despertou e ambos foram ao realejeiro. Curiosa, Alice indaga a Teotônio sobre a origem daqueles bilhetinhos todos que o realejo carrega. O papo cria pernas e os dois passam muito tempo juntos conversando e brincando.Chegada a manhã, Teotônio decide que é hora de tirar a sorte da mocinha mas o Passarin intervém e o bilhete se rasga, ficando uma metade com Alice e outra no bico da ave.A voz do Avô desperta Alice, que se vê outra vez na grama da praça.Entristecida, Alice volta para casa e se põe a pensar:“terá sido um sonho?”O bilhete da sorte rasgado em seu bolso dizia que não.
II ATO Restaurante decadente de beira-de-estrada, vulgo taberna.
Teotônio vai mal, toda a sorte que ele havia roubado das pessoas se perdera no instante em que o bilhete de Alice se rompeu, além disso lhe acompanhava uma estranha saudade dela.Ele acaba arranjando confusão com um SUJEITO MISTERIOSO e toma uma sova. Finalmente expulso do bar, todo destrambelhado e arrastando seu realejo, ele toma uma decisão:“Vou encontrar Alice, nem que tenha que descer ao mundo dos mortos!”No sertão árido, Alice está sentada em uma pedra, contemplando a encruzilhada à sua frente sem saber para onde ir.O som de uma viola vem lhe acariciar os ouvidos, vindo não se sabe da onde. Encantada com aquele som que diminui a sua angústia, ela nem se dá conta do VIOLEIRO que vem se aproximando.Eles começam a conversar e o Violeiro lhe conta muitas estórias; vendo que ele é um homem muito sabido, Alice pergunta que caminho deve tomar.Ele só consente em, responder caso ela lhe dê algo em troca.Alice se desculpa dizendo:“A única coisa que tenho é esse bilhetinho da sorte, mas isso eu não posso te dar.”O Violeiro, muito esperto, retruca:“Não tem problema, como gostei de você vou fazer uma concessão. Te indico o caminho certo e você me dá só a sua alma, feito?”“Feito”Os dois adormecem e quando Alice acorda, nota que o violeiro se foi, mas deixou a viola como um presente para ela.Alice caminha por vários dias, e vê muitas coisas até que chega a uma floresta enorme, onde encontra um rio que ela não consegue atravessar.Uma mulher cavalgando uma canoa se aproxima. É a JANGADEIRA que explica que aquele rio se chama Aqueronte e que pode lhe dar carona se ela lhe der algo em troca.Alice se desculpa dizendo:“A única coisa que tenho são essas moedas e meu bilhetinho da sorte, mas isso eu não posso te dar.”A Jangadeira aceita as moedas e as duas seguem rio abaixo, quando de repente a água do rio se torna vermelha e agitada, tingida pelo sangue dos animais que os homens assassinam nos matadouros.Depois de muito lutar contra as correntezas, a jangada segue seu rumo.
III ATO O mundo dos espíritos.
Alice está assustada e tristonha com as coisas que viu ao longo da viagem e na descida do rio Aqueronte, na companhia da misteriosa Jangadeira.Entre as lágrimas que embaçam sua vista, Alice consegue distinguir a silhueta de uma mulher que lava roupa suja na margem do rio, pouco adiante.Jangada e Jangadeira deixam Alice em terra e seguem seu caminho enquanto a menina vai à LAVADEIRA e pergunta a ela qual o destino final de sua jornada.A sábia mulher retruca dizendo que só dirá se Alice lhe der algo em troca.“A única coisa que tenho é esse bilhetinho da sorte e isso eu não posso te dar, mas posso cantar uma canção prá você.”A Lavadeira aceita o trato e Alice se põe a cantar uma melodia.Aos poucos a Lavadeira se deixa levar bela beleza daquela música e junta sua voz à da menina.A canção ecoa pelas planícies e montes, trazendo conforto e tranqüilidade ao coração de Alice e de todos aqueles que podem ouví-la.Até as nuvens do céu se aproximam para escutar melhor e contribuem com raios e trovões à cantoria.Mais além, na margem oposta daquele mesmo rio, Teotônio se prostra exausto na areia e vê a forte tempestade que se anuncia no céu. Cansado demais para procurar abrigo, ele espera a chegada da chuva resignado quando percebe um ANJO que se aproxima dele trazendo consolo e palavras reconfortantes.O dois adormecem e sonham na areia, protegidos da tempestade por uma brisa mágica que paira sobre eles aparando as gotas da chuva.Ao acordar de um longo sono que pareceu durar séculos, Teotônio se vê ainda na areia, mas na outra margem do rio Aqueronte, e de lá consegue escutar a voz e o canto de Alice, que atrai todos os seres da floresta com sua melodia.O Realejeiro segue aquele som e se depara com uma grande festa, onde todos comemoram a chegada da chuva que apagou o incêndio nas matas, limpou a água do rio e a alma dos homens.Todos os habitantes da selva cantam e dançam, convidando Teotônio para se unir à celebração. Ele então tenta tocar seu realejo, mas o PASSARIN, triste por viver sempre preso, já não pode mais cantar.Percebendo isso Teotônio escancara a gaiola e une sua voz à do pássaro, que agora entoa sua cantiga como nunca.Depois de muito celebrarem com os seres da floresta, Teotônio, Alice e a Lavadeira assistem à alvorada de um novo dia.De tanto contentamento por reencontrar Teotônio, Alice se esquecera de cobrar da Lavadeira sua promessa de contar aonde terminaria seu caminho, mas a velha sábia manteve sua palavra e abriu um largo sorriso dizendo:“Não importa para onde você está indo, pois todos vão ao mesmo lugar. Um lugar aonde só as virtudes mais preciosas tem valor verdadeiro. O mais importante não é o destino, mas a maneira pela qual você percorre sua travessia.”

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